segunda-feira, 19 de maio de 2008

Explicações




Eu sempre sinto falta da minha infância. Quando penso nisso me lembro dos meus olhos feito esmeraldas brilhantes e vivas, cheio de sonhos e com minha bicicletinha lilás. Como eu amava tudo isso, parece que foi ontem mesmo que eu perguntava a minha mãe " O que é o amor? "... .. Essa pergunta me intrigava, eu não entendia por que as pessoas não me explicavam. E sempre diziam " Quando tu crescer , vai saber". Mas o pior de tudo isso é que quando " crescemos" agente continua não obtendo explicações. E desse modo eu me fecho em meu silêncio, guardando as cores que um dia foram minhas. Fugindo de tudo que é normal, me aconchegando no meu império de sonhos...

sábado, 10 de maio de 2008

Versos Inscritos numa Taça Feita de um Crânio


Tradução de Castro Alves

Não, não te assustes: não fugiu o meu espírito
Vê em mim um crânio, o único que existe
Do qual, muito ao contrário de uma fronte viva,
Tudo aquilo que flui jamais é triste.

Vivi, amei, bebi, tal como tu; morri;
Que renuncie e terra aos ossos meus
Enche! Não podes injuriar-me; tem o verme
Lábios mais repugnantes do que os teus.

Onde outrora brilhou, talvez, minha razão,
Para ajudar os outros brilhe agora e;
Substituto haverá mais nobre que o vinho
Se o nosso cérebro já se perdeu?

Bebe enquanto puderes; quando tu e os teus
Já tiverdes partido, uma outra gente
Possa te redimir da terra que abraçar-te,
E festeje com o morto e a própria rima tente.

E por que não? Se as fontes geram tal tristeza
Através da existência -curto dia-,
Redimidas dos vermes e da argila
Ao menos possam ter alguma serventia.

LORD BYRON(1788-1824)