terça-feira, 20 de novembro de 2007

Se Tua Alma Gostasse de Voar..


Se tua alma gostasse de voar te levaria por campos infindáveis..e por lugares nunca habitados ..onde sentimentos de qualquer forma seja puro seja leviano percorre por nossos corpos...Se tua alma gostasse de voar iríamos nas mais altas montanhas e ver o que preparou pra nós..Sentir a liberdade correndo por nossas veias..Transpondo os limites da razão e emoção..
O meu querer é complexo demais pra você entender amor..Deita e dorme..Descança..Deixa Ele resolver aquilo que não está ao nosso alcance..Eu queria te colocar em meus braços..Como o cavaleiro e sua Diva Divã..Te dizer tantas coisas..Que Você nunca ouça de ninguém..

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Brilhe sua luz em mim...

Como se eu sempre tivesse estado perdido neste sonho..Os rumores do Céu..Brilhe sua luz no meu caminho..Eu acho que verei você entorno da minha mente..


Ele
meu deu diamantes por olhos..Eu ofereci meu coração..Acho que amei você desde o começo.. Algumas vezes eu sinto como se eu estivesse vivendo no sonho de alguém..

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Mulher Misteriosa

Amante dos poetas,
Protetora dos profetas,
Cama dos mendigos,
Amiga dos amigos.

Companheira dos vagabundos
Mulher misteriosa, que nenhum
Homem conhece a fundo
Mulher que nos nina feito crianças,
Trazendo as nossas mais escondidas lembranças.

Conselheira dos equivocados e pecadores,
Mãe de paixões e amores.
Às vezes atormentadora,
Às vezes consoladora…

Mas, sempre tão santa! Tão profana!
Tão humana!
Deus podia dar-lhe o nome de:
Maria, Selma, Ana…
Mas, deu-lhe outro nome doce
Noite.


Gilvã Mendes

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Ode a Poesia




Perto de cinqüenta anos
caminhando
contigo, Poesia.
A princípio
me emaranhavas os pés
e eu caía de bruços
sobre a terra escura
ou enterrava os olhos
na poça
para ver as estrelas.
Mais tarde te apertaste
a mim com os dois braços da amante
e subiste
pelo meu sangue
como uma trepadeira.
E logo
te transformaste em taça.
Maravilhoso
foi
ir derramando-te sem que te consumisses,
ir entregando tua água inesgotável,
ir vendo que uma gota
caia sobre um coração queimado
que de suas cinzas revivia.
Mas
ainda não me bastou.
Andei tanto contigo
que te perdi o respeito.
Deixei de ver-te como
náiade vaporosa,
te pus a trabalhar de lavadeira,
a vender pão nas padarias,
a tecer com as simples tecedoras,
a malhar ferros na metalurgia.
E seguiste comigo
andando pelo mundo,
contudo já não eras
a florida
estátua de minha infância.
Falavas
agora
com voz de ferro.
Tuas mãos
foram duras como pedras.
Teu coração
foi um abundante
manancial de sinos,
produziste pão a mãos cheias,
me ajudaste
a não cair de bruços,
me deste companhia,
não uma mulher,
não um homem,
mas milhares, milhões.
Juntos, Poesia,
fomos
ao combate, à greve,
ao desfile, aos portos,
à mina
e me ri quando saíste
com a fronte tisnada de carvão
ou coroada de serragem cheirosa
das serrarias.
Já não dormíamos nos caminhos.
Esperavam-nos grupos
de operários com camisas
recém-lavadas e bandeiras rubras.

E tu, Poesia,
antes tão desventuradamente tímida,
foste
na frente
e todos
se acostumaram ao teu traje
de estrela cotidiana,
porque mesmo se algum relâmpago delatou tua família,
cumpriste tua tarefa,
teu passo entre os passos dos homens.
Eu te pedi que fosses
utilitária e útil,
como metal ou farinha,
disposta a ser arada,
ferramenta,
pão e vinho,
disposta, Poesia,
a lutar corpo-a-corpo
e cair ensangüentada.

E agora,
Poesia,
obrigado, esposa,
irmã ou mãe
ou noiva,
obrigado, onda marinha,
jasmim e bandeira,
motor de música,
longa pétala de ouro,
campana submarina,
celeiro
inextinguível,
obrigado
terra de cada um
de meus dias,
vapor celeste e sangue
de meus anos,
porque me acompanhaste
desde a mais diáfana altura
até a simples mesa
dos pobres,
porque puseste em minha alma
sabor ferruginoso
e fogo frio,
porque me levantaste
até a altura insigne
dos homens comuns,
Poesia,
porque contigo,
enquanto me fui gastando,
tu continuaste
desabrochando tua frescura firme,
teu ímpeto cristalino,
como se o tempo
que pouco a pouco me converte em terra
fosse deixar correndo eternamente
as águas de meu canto.
Pablo Neruda

(Tradução
de Thiago de Mello)