sábado, 8 de setembro de 2007

SAIA DA SUPERFICIE


Você já reparou como o mundo atual anda completamente mergulhado na superficialidade? Hoje, parece que grande parte de tudo o que nos rodeia cheira a um plástico barato e disforme. E isso inclui pessoas, relacionamentos, atitudes, posições sociais, e atitudes políticas, entre outras coisas... Claro que isso não ocorre de uma hora para outra, mas a superficialidade, o não envolvimento por uma causa justa, pela busca de respeito e dignidade inundou nossas casas, nossas cabeças e nossas vidas.
Somos seres que se comunicam pela própria natureza existencial, mas basta um rápido giro de 360° nas relações para ver que a comunicação parece não estar atingindo nada nem ninguém. Para quê temos tantas tecnologias e meios de mensagens se quase não há um discurso inteligente e criativo, se não há busca para melhorar uma situação?
As pessoas estão ficando como autômatos, fazendo tudo sempre igual e acreditando que as coisas sempre foram dessa maneira. Hoje, a grande parcela da população – principalmente os mais jovens, que saíram recentemente da adolescência e buscam por uma colocação/afirmação social e pessoal – acredita que sempre tivemos um planeta devastado pela industrialização, que sempre a busca pela riqueza e pelo poder foi justificada pela corrupção, que nunca houve um momento em que o ser humano, e não uma máquina foi mais importante.
Criamos as máquinas para que elas nos sirvam, mas muita gente anda agindo como se tivesse, em vez de um coração pulsante dentro de si, chips decodificados por algum programa cheio de bugs que está preste a dar “pau”. Isso não é um discurso contra a tecnologia, muito pelo contrario! Sou severo defensor de criação, da inovação e do uso exponencial de novas maneiras e métodos para a construção criativa de uma vida melhor. Mas isso não significa que vou virar um escravo, um ser completamente bestalhado e conduzido pelos meus ícones tecnológicos, verdadeiros gadgets que aparecem e somem das lojas quase à velocidade da luz.
Depois de muita insistência por parte de alguns amigos, fui literalmente “convencido” a participar da rede Orkut, popular web site que agrupa pessoas do mundo inteiro dividindo opiniões, idéias e fóruns de discussões. A idéia em si é excelente, mas o resultado chega muitas vezes a ser espantosamente assustador. A grande maioria das comunidades criadas e pura perda de tempo, enquanto que recados com consistência são diluídos por spams, gente tentando enganar você com links fajutos, propaganda virtual e um blá-blá-blá sem fim.
Outros programas, como o MSN, ficam encharcados de uma conversa que começa do nada e termina em lugar nenhum. Todos falam com todos e ninguém entende nada. Recados como torpedos e SMS de telefones celular inundam também o já congestionado trafego digital pelo mundo, fazendo a alegria das operadoras e empresas especialistas em criar serviços que vem do nada e tornam-se “indispensáveis” para toda a população por meio de imensos gastos publicitários que, claro, são pagos pelos próprios consumidores, com taxas de serviços e linhas de contrato de prestação “escondidas”.
Enfim, tudo isso significa que temos que estar conscientes, com o olhar atento. Precisamos de referências que nos propiciem um suporte para vivermos no caos digital/consumista. Saber o que é certo e errado na vida nunca fez – e com certeza não irá - fazer mal a ninguém. Saber que roubar, entrar e mudar informações pessoais de outros, enganar quem ainda não domina o uso da tecnologia, propagar lixo eletrônico para que todos também fiquem “sobrecarregados”, sustentar e divulgar sites que abusam de crianças e animais, clonar aparelhos, falar mal de alguém por intermédio de recados e mensagens virtuais, impingir a mentira e sustentar a corrupção, tentar empurrar as vendas de algo que simplesmente não funciona, saber que tudo isso é errado não vai matar ninguém.
Que cada um possa, nem que seja muito aos poucos, entender que dignidade, seriedade, paciência e ajuda ao próximo sempre representarão o que é correto, não importa qual a tecnologia ou meio utilizado. Declare guerra ao oportunismo barato e ao pensamento superficial e padronizado. Saia desse circulo hedonista, consumista e perverso. Ouse pensar, ouse criar uma idéia sua, original, própria. Saia da superfície do mar de ignorância e corrupção que assolam o mundo e mergulhe profundamente em você mesmo. Assim, quando voltar à tona, você trará consigo uma individualidade que ira, com toda certeza, ajudar a mudar esse planeta. OUSE SER VOCE MESMO !!!!


Texto de André Martins, extraido da Revista Cover Guitarra edição nº 138

Um comentário:

Elaine Dias disse...

Guilherme..muito bom seu blog, como é importante fazermos nossa parte para contribuirmos com o mundo em que vivemos...Visita meu blog novo, ja q mudei de hospedagem e de nome...heheheheh...Bjooo